Professor: qual seu perfil de mindset docente?

Mindset, que pode ser traduzido por mentalidade ou programação mental, é o conjunto de pensamentos e crenças que existe dentro de nossa mente, e que determina como nos sentimos e nos comportamos. Podemos exemplificar da seguinte maneira: o mindset é como sua mente está programada para pensar sobre determinado assunto. Se nossa mente fosse um computador o mindset seria o processador ou software que determina como ele vai funcionar

Fonte: Administradores.Com, O que é mindset? por Paulo S. Stramaro

Toda a questão que hoje gira em torno do conceito de mindset ganhou relevância a partir do trabalho de doutorado de Carol S. Dweck, professora do curso de Psicologia da Stanford University. Ela foi a pioneira, em 2006, em explorar – em termos práticos – os interesses primários na motivação, personalidade e autodesenvolvimento aplicados ao sucesso alcançado na carreira profissional.

Mentalidade: fixa ou de crescimento?

A professora Dra. Carol Dweck mostrou, com os resultados de suas pesquisas, que cada pessoa se posiciona de acordo com suas visões implícitas e pessoais sobre a origem das suas habilidades e potencialidades na vida.

Alguns acreditam que o próprio sucesso é uma consequência de vocações inatas e esses possuem uma mentalidade fixa (fixed mindset) a respeito da teoria da inteligência. Outros acreditam que o sucesso pode ser consequência de trabalho duro, aprendizagem, treinamento e determinação: a esses ela atribuiu a designação de uma mentalidade de crescimento (growth mindset) ou incremental ou expandida, dentro da teoria da inteligência.

As pessoas podem não ter consciência sobre seu próprio mindset, mas podem ser identificadas pelo seu comportamento diante dos desafios e, em especial, por sua reação diante do fracasso. Pessoas com mentalidade fixa temem o fracasso porque acreditam que é uma declaração negativa sobre suas habilidades básicas, enquanto pessoas que possuem growth mindset não se importam – nem temem – enfrentar fracassos, principalmente porque acreditam que seu desempenho pode ser melhorado e que podem aprender com eles.

Esses dois tipos de mentalidade desempenham um papel importante em todos os aspectos da vida pessoal e profissional de cada um.


1. Mentalidade docente: qual é a sua?

Não importa quem você é e nem qual a sua ocupação profissional: mentalidade de crescimento pura não existe, saiba desde já. Reconhecer esse fato é um bom ponto de partida para que você reflita de forma positiva sobre analisar e reconhecer os aspectos e campos da sua vida que já estão preparados para que ela seja trabalhada e desenvolvida.

Por outro lado, é preciso estar atento no mapeamento dos comportamentos e aspectos que nos amarram dentro da velha (e desnecessária) mentalidade fixa. Toda a transformação de perfil profissional que o mercado de trabalho vem exigindo nos últimos anos está baseado na reversão contumaz de mentalidades fixas em mentalidades de crescimento, para todas as áreas.

Transpondo esse pensamento para docentes e as reviravoltas na carreira docente desde 2018, com a entrada cada vez mais contundente de novas práticas, metodologias, formas de planejamento e gestão da aprendizagem, temos para o docente de carreira no ensino superior um cenário que conclama para essa transformação essencial na forma de pensar o próprio desempenho de carreira e reposicionamento de suas práticas e repertório.

Além disso, as transformações recentes que dominaram o mercado educacional – em especial nas modalidades de oferta de cursos e formações profissionais – formais, empresariais e informais – exige profissionais preparados para esse enfrentamento de transição. Uma transição da velha pedagogia do monólogo expositivo para a nova andragogia do diálogo ressignificado.

E se a conversa é o perfil da mentalidade docente, que tal você participar de uma enquete sobre atitudes docentes cotidianas? Clique aqui para responder à enquete sobre perfil docente e colabore encaminhando para todos seus colegas!

Quanto mais respostas, melhor o diagnóstico para trazer oportunidades de soluções para reposicionamento de carreira docente, dentro dos novos cenários da educação superior. PARTICIPE E COMPARTILHE COM COLEGAS!


2. Interprete seus pontos no questionário

A pontuação da enquete foi desenhada para identificar os dois perfis básicos de mindset: fixo e de crescimento. Então se você pontuou:

ATÉ 9 pontos: você é muito conservador e possui mentalidade fixa. Esse perfil de pensar e encarar o mundo educacional o leva para a execução de velhos hábitos do conteudismo. Porém, esses hábitos de prticar a docência no ensino superior já não encontram eco nem no novo mercado educacional, nem no Instrumento de Avaliação de Cursos de Graduação (IACG – Inep/MEC, 2017), que traz a mudança desse velho paradigma do conteúdo como necessária para a oferta de cursos superiores. Nesse caso, use sem moderação os 3 passos descritos – e suas soluções – ao final desse post, para começar a transformação da sua mentalidade e das suas práticas!

ENTRE 10 e 21 pontos: você está a caminho da mentalidade de crescimento, mas ainda precisa se libertar de algumas raízes do conteudismo, que insistem em se manifestam nas práticas didáticas que leva para a sala de aula. Quais seriam elas? Tem 3 passos descritos abaixo – com soluções simples – para você descobrir isso! Provavelmente um deles é exatamente o que lhe falta para decolar seu mindset. Mãos à obra!

ACIMA DE 22 pontos: um professor que muda como pensa não age mais da mesma maneira e você é a prova disso! Uma mentalidade de crescimento que predomina nas suas ações fala muito sobre seu potencial no mercado de trabalho educacional nesses novos tempos. Explore os 3 passos descritos abaixo, suas soluções e dicas, e descubra o que você ainda pode agregar para tornar ainda melhor suas práticas didáticas!


3. Comportamentos para mentalidade docente de crescimento

Para você que participou da enquete e viu as perguntas (e suas bifurcações de respostas) ficam aqui algumas sacadas importantes para observar, analisar e reconhecer comportamentos que caracterizam seu tipo de mentalidade diante dos desafios diários das práticas docentes no ensino superior.

No novo mercado educacional a carreira docente é dotada de competências que não existiam antes mas, acima de tudo, manter essa carreira ativa e bem remunerada requer a transformação da visão que se tinha dessa própria carreira. Esse é o grande feedback que a enquete quer trazer para você, ajudando-o a encontrar soluções e caminhos melhores para manter seu diferencial no mercado de trabalho do ensino superior (no mundo!).

Ter uma mentalidade de crescimento é um comportamento, uma atitude, e não um conteúdo ou um conhecimento. Quando você pensa diferente, você age de forma diferente e abre espaço para transformações no seu comportamento, práticas, recursos, discursos e atitudes.

São pequenas mudanças no pensar que acabam por mudar os processos ou a forma pela qual você age nos espaços pessoal/profissional, potencializando os resultados alcançados ao final dessa cadeia de atitudes.

Para que isso aconteça você deve colocar em prática o tripé da teoria do growth mindset: [1] treinar novas habilidades; [2] associar-se para resultados melhores e mais rápidos; e [3] encarar desafios para trilhar novas oportunidades e agregar mais valores ao seu perfil.

Passo 1: você acredita que pode desenvolver novos talentos e habilidades?

DICA 1: Se ninguém tem 100% de mentalidade de crescimento, e se somos seres de hábitos (e somos!), comece identificando, em seus hábitos mais comuns, os aspectos apresentados nos passos seguintes. Em geral, lançar mão de recursos visuais e organização de ideias (post-it, anotações em cadernos de notas, por exemplo) para trazer esses comportamentos à consciência, ajudam a mapear sua mentalidade de forma mais eficiente.

Você tem mentalidade docente de crescimento quando acredita que não é um produto finalizado de sua carreira, mas um processo em constante evolução e que precisa ressignificar suas práticas didáticas com a evolução exponencial do conhecimento e das tecnologias. Afinal, você forma profissionais para o futuro!

SOLUÇÃO 1: Criar, sonhar, planejar, desenhar, acreditar, solucionar, agregar e desafiar são verbos que traduzem o início desse diagnóstico. Quanto desses verbos estão presentes no seu planejamento e execução de práticas didáticas?

Para agregar os valores traduzidos pelos verbos acima, você deve resgatar aquilo que gosta, buscar novas habilidades, ferramentas, metodologias e estratégias em formações didáticas na mesma proporção em que o faz para as formações técnicas, na sua área de expertise.

Quando aceita que é capaz de agregar mais valores àqueles que já possui hoje, e que pode fazer coisas que nunca pensou/estudou antes simplesmente pelo fato de que os desafios podem lhe fazer crescer, e levá-lo um nível acima do que se encontra hoje, é aí que nascem os comportamentos resultantes dessa mentalidade transformadora.

Os verbos que sugiro são: aprender, apreender, treinar, capacitar, estudar, desenvolver, praticar. Quando você aplica estes verbos ao que deseja agregar valor nas suas práticas docentes você redefine caminhos e transforma atitudes, impulsionando o desenvolvimento desse eixo do tripé da mentalidade de crescimento.

Mapeie onde você está agora, frente às mudanças de competências exigidas na nova carreira docente e responda: o que é necessário pra você ser o professor diferenciado que deseja ser? Saia de zonas de conforto, fure bolhas, converse e interaja com tribos diferentes. Aposte mais em interfaces e identifique qual é o melhor “T-shapped profile” a ser desenvolvido na sua área. Isso transformará resultados!

Passo 2: você é soliTário ou soliDário nos seus projetos?

Aprender novas habilidades é um eixo importante no tripé do growth mindset, mas insistir em fazer tudo sozinho não é um comportamento viável (nem possível) em tempos de velocidade exponencial de crescimento do atual mundo do trabalho, conhecimentos e tecnologias. Se por um lado desenvolver novas habilidades é um comportamento de crescimento, não reconhecer a relação entre resultados versus tempo é reflexo de uma mentalidade fixa e atrasada.

Percebeu como a dinâmica da mentalidade de crescimento funciona? Não há leis absolutas e tudo depende da capacidade de análise ativa, crítica e futurista com a qual seu cérebro deve passar a trabalhar, diante dos desafios profissionais. Isso é a verdadeira expressão prática da mentalidade de crescimento.

DICA 2: Embora todos possamos desenvolver novas competências se nos dedicarmos a isso, há momentos em que é necessário discernir entre o perseverar e o insistir, em função de prazos, objetivos e resultados. Diante disso, é hora de aplicar o segundo eixo do tripé: os melhores resultados, em qualquer projeto, são aqueles desenvolvidos soliDariamente, e não, soliTariamente. Uma letrinha que faz toda a diferença do mundo!

SOLUÇÃO 2: Vivemos os tempos do coworking, ou tempos de unir forças para atingir propósitos com maior eficiência e menor tempo, para mais pessoas a custos menores, com mais tecnologia. Se suas práticas apontam para esse caminho, você marcou seu segundo ponto a favor da mentalidade de crescimento.

Aqui, os verbos são outros: delegar, desapegar, somar, multiplicar, agilizar, distribuir, ampliar e f-a-z-e-r. Use-os sem moderação!

Passo 3: você é capaz de aceitar desafios para superar seus limites?

“Quando enfrentamos desafios recebemos críticas e quando nosso desempenho é baixo em comparação ao desempenho de colegas, facilmente caímos na defensiva ou na insegurança, respostas essas que inibem a expansão da mentalidade.”

Carol S. Dweck

A principal característica de uma mentalidade fixa é a ZONA DE CONFORTO. Dentro dela sabemos o que fazer, o que esperar e acreditamos na conversa de uma estabilidade ilusória. Isso mexe com circuitos neurais primitivos que foram desenvolvidos ao longo da vida pela ideia de que somente o sucesso merece recompensas e pelo estigma de que o fracasso merece punição.

Enfrentar desafios, aceitar o erro como uma forma de aprender, reconhecer a lição e tentar novamente, desenvolver a resiliência e fazer de cada nova tentativa um desempenho aprimorado. Isso resume enfrentar desafios com mentalidade de crescimento. Você é capaz de pensar e agir assim?

Superar limites gera críticas. Sair do “normal” gera julgamentos. Ser diferente gera comparações.

DICA 3: Quem tem (ou deseja desenvolver) mentalidade de crescimento precisa aprender a lidar com desafios, superar os próprios limites e aprender com as adversidades. Na verdade, é pela combinação das características anteriores que o ciclo do desenvolvimento de uma nova mentalidade entra em ação e se completa, todas convergindo para novas atitudes diante dos velhos fatos.

SOLUÇÃO 3: se o novo século trouxe uma vida diária de desafios, à entrada de sua segunda década tudo foi ressignificado pelo desenvolvimento tecnológico exponencial.

Em 2005 todos concordavam com a ideia de que aparelhos celulares tinham uma única função: fazer/receber chamadas telefônicas. Em 2010 todos já haviam se adaptado ao novo conceito de smartphone, ao passo que em 2016 o conceito mobile como uma nova forma de acesso à personalização de tarefas dos smartphones trouxe novas demandas de consumo e novos comportamentos de trabalho.

Nem precisa revisar o que aconteceu desde então, só pensando em mobile, funções de smartphone e a influência desses comportamentos na formação educacional do ensino superior, não é?!

Todos nós superamos limites diariamente porque encaramos pequenos desafios. E só os superamos porque não os consideramos desafios, mas sim, como “adaptações” necessárias

Use essa linha de pensamento e aplique para todas as transformações que você deseja ver acontecer na sua vida profissional: considere-as adaptações necessárias e ajuste-se a elas!

Obrigada por participar!

Supere cada obstáculo e surpreenda-se como será cada vez mais fácil e mais simples encarar desafios e transformar cada pequeno aspecto de sua vida, até que sua vida inteira esteja convertida naquilo que você projetou para si mesmo.

Pratique isso para cada aspecto, para cada sonho, para cada projeto, e descobrirá um mundo totalmente novo e inexplorado dentro de si mesmo. Seja futurista da sua própria vida e veja as coisas acontecerem em sua vida, a partir de agora!

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